TEF Talks: “para todos, uma oportunidade”

  • Publicado em 17 maio 2023

Começou cedo a azáfama na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda: de vários municípios da Área Metropolitana do Porto, foram chegando mais de 260 alunos prontos para participar nas TEF Talks. Na sua 1.ª edição, as Talks de Educação Financeira foram criadas pela Fundação no âmbito do Por Tua Conta, programa de educação financeira dedicado exclusivamente aos alunos do Ensino Profissional. 

“Ensino Profissional é fundamental”, “Estamos juntos a promover a educação financeira” ou “Educação Financeira = Futuro + Aprendizagem” eram algumas das mensagens que podiam ler-se entre as placas que serviram de adereço às primeiras fotografias do dia e que poderiam ser também o mote do evento. Estas imagens seriam as primeiras memórias de uma manhã pensada para ser “para todos, uma oportunidade”

Foi assim que Inês Abreu, Administradora Executiva da Fundação Dr. António Cupertino de Miranda apresentou o evento. “Espero que saiam daqui com mais conhecimento, com mais informações que vos sirvam brevemente, quando, se for o caso, entrarem no mundo do trabalho”, acrescentou a responsável da Fundação. 

Na sessão de abertura das TEF Talks, esteve ainda Ana Amorim, Secretária Executiva da Área Metropolitana do Porto, entidade parceira na implementação da edição piloto do Por Tua Conta. “É um gosto para a Área Metropolitana do Porto associar-se à Fundação Dr. António Cupertino de Miranda para desenvolver e implementar um projeto que visa capacitar todos os alunos do território da Área Metropolitana do Porto, dos 17 municípios - os alunos que integram o Ensino Profissional – para uma área tão importante que os capacita e habilita, paralelamente ao seu currículo do curso profissional, a integrarem-se no mercado de trabalho e a capacitarem-se quer para a sua vida pessoal quer para a sua vida profissional”, afirmou. 

Feitas as apresentações, foi o momento de começar a apontar ao futuro, com os dois painéis focados na chegada ao mercado de trabalho: primeiro, ao nível do recrutamento e carreira; segundo, ao nível fiscal. Todos contaram com profissionais da PwC Portugal, a consultora parceira na realização das TEF Talks. 

A primeira certeza partilhada em palco? A de que “não existe um padrão de carreira”, como explicou Sara Pinheiro, Human Capital Manage da PwC. “Hoje em dia, já não há aquela carreira típica ou a carreira certa para se fazer. Ou seja, não há aquele percurso em que temos de fazer o 12.º ano no ensino – vamos dizer - regular, depois ir para a Faculdade, fazer Licenciatura, fazer Mestrado e depois ingressar no mercado de trabalho. O mercado está cada vez mais dinâmico e, portanto, faz sentido também termos pessoas com outro tipo de backgrounds”, acrescentou a oradora do painel “Terminei de estudar. E agora?”. 

Um “background” composto de experiências que podem fazer a diferença no momento de apresentação ao mercado de trabalho, o grande foco deste painel, que contou também com Ricardo Ribeiro. O Human Capital Senior Executive da PwC lançou a primeira pergunta à audiência: em média, quantos segundos demora um recrutador a fazer uma primeira análise de um currículo? Depois dos palpites, a resposta: 7 segundos! 

Por isso, um currículo deve causar impacto logo da primeira impressão, deve fazer a diferença e transmitir a marca pessoal do candidato. Como? A resposta foi sendo dada, durante o painel, com várias dicas do que fazer e não fazer na criação de um CV.  

Foi ainda abordada a forma de preparar uma carta de recomendação e uma entrevista de emprego, incluindo entrevistas online e fases de recrutamento, como os testes psicotécnicos e as dinâmicas de grupo. Os dois oradores destacaram ainda as soft skills (trabalho em equipa, comunicação, resiliência, resolução de problemas e espírito crítico), bem como as experiências mais valorizadas no mercado, mencionando o trabalho no atendimento ao público (restaurantes ou supermercados, por exemplo), os desportos em equipa e o voluntariado como informações que os jovens podem incluir nos seus currículos. 

As TEF Talks seguiram com um segundo painel dedicado ao lado financeiro da chegada ao mercado de trabalho. Ana Carvalho Reis, Tax Senior Manager da PwC, e Cristina Vieira, Tax Senior Consultant da PwC, assumiram os comandos da sessão para detalhar conceitos essenciais para quem começa a trabalhar: o que é ser trabalhador por conta de outrem ou trabalhador independente, as diferenças que existem em termos de rendimentos e de obrigações fiscais. 

Pensando no público prestes a entrar no mercado de trabalho, houve ainda tempo para explicar o que significa “abrir atividade”, para alertar para situações como os “falsos recibos verdes” e para detalhar o que é um ato isolado, o IRS Jovem e quais as isenções que podem estar ao alcance de quem começa a trabalhar por curtos períodos ou com rendimentos abaixo de determinados limites. 

O último painel da manhã trouxe à conversa algo que os jovens conhecem bem: a tecnologia. Contudo, são ainda desconhecidos todos os riscos que esta pode esconder. “80% do crime informático não é tecnológico”, avançou Carlos Cabreiro, Diretor da Unidade Nacional de Combate ao CiberCrime e à Criminalidade Tecnológica da Polícia Judiciária. “Entre a internet e os equipamentos estamos nós”, explicou o Inspetor, afirmando que o crime informático “está dependente da fragilidade humana”. “A grande vulnerabilidade são as pessoas.  São as pessoas que dão as passwords, são as pessoas que se expõe na internet, são as pessoas que nas redes sociais dão facilmente os elementos necessários à prática de crime”, acrescentou. 

Para contrariar esta “fragilidade” foram dados inúmeros conselhos para promover a “saúde virtual”. “Dinheiro fácil é dinheiro perigoso” foi, desde logo, uma das máximas partilhadas, enquanto alerta para os negócios que, online, parecem fáceis de concretizar. Foi ainda explicado o que é o “phishing”, o que são “romance scams” e “money mules” (pessoas disponíveis para receber na sua conta dinheiro que não lhes pertence a troco de uma percentagem, não percebendo que estão a colaborar com alguém que quer esconder a origem desse dinheiro). 

Nunca fornecer o código de ativação ou pin de acesso ao MBWay, ter cuidado com as redes de wifi públicas, não usar sempre as mesmas passwords e não repetir os mesmos e-mails e passwords nas redes sociais e na rede profissional foram outros dos avisos partilhados no encerramento da sessão, que não terminou sem um incentivo a que os estudantes procurem ajuda em casos de ciberbullying. 

Para o final, ficou reservada uma surpresa. O anúncio do grande vencedor das Olimpíadas de Educação Financeira que, este ano, foram realizadas pela primeira vez no Por Tua Conta. 

A Turma TAG, do 11.º ano da Escola Profissional de Gondomar, foi a turma que alcançou, em toda a Área Metropolitana do Porto, o maior número de respostas certas, no menor tempo possível, no quiz digital. Leia a notícia aqui