O futuro do ensino profissional

  • Publicado em Jan 24, 2022

O Conselho Nacional de Educação (CNE) emitiu, no fim de dezembro de 2021, uma recomendação sobre o futuro do Ensino Profissional.

De acordo com o CNE, este tipo de ensino “enfrenta uma histórica desvalorização, em boa parte resultante de se lhe ter associado a imagem de um tipo de ensino destinado a alunos com um menor desempenho escolar no ensino geral, predominantemente oriundos de meios mais desfavorecidos.”

Assim, e de acordo com o CNE, a função do ensino profissional no nosso sistema educativo deve ser equacionada em torno de três vetores:

1) como potenciadora da realização pessoal e social dos alunos que terminam o ensino básico;

2) como promotora da inclusão social, contribuindo tanto para um maior acesso dos jovens ao ensino secundário, como para o seu sucesso escolar e para uma inserção socioprofissional bem-sucedida e/ou um prosseguimento de estudos;

3) como uma das principais vias de qualificação profissional dos técnicos intermédios de que carecem as empresas e as organizações sociais.

A pensar na sustentabilidade deste modelo de educação à luz dos novos desafios socioculturais e económicos, o CNE elegeu seis áreas problemáticas sobre as quais diferentes atores sociais deveriam concentrar a sua reflexão e ação:

  1. a reputação do ensino profissional,
  2. a orientação escolar e profissional,
  3. as escolas, os territórios e rede de oferta de cursos,
  4. a participação ativa dos jovens,
  5. a renovação da pedagogia e
  6. o modelo de financiamento.

Para cada uma delas indicou diferentes recomendações, dirigidas não só a escolas e serviços do Ministério da Educação ou Assembleia da República, como também a um conjunto dos parceiros sociais e aos líderes da sociedade portuguesa, tanto políticos como empresariais, sindicais, culturais e sociocomunitários.

De acordo com as recomendações do CNE é perentória a reorientação da educação profissional, em torno de seis focos: pedagogia, cidadania, territorialização, empregabilidade, sustentabilidade e inovação social.

Falamos de um ensino onde a qualificação além de ter qualidade tem de estar adequada às necessidades e potencialidades das organizações sociais e das empresas e ser construída em parceria com estas; a gestão do currículo tem de ser feita de um modo mais profissional, autónomo e flexível; a digitalização deve ser promovida como ferramenta de promoção da igualdade de oportunidades e da justiça social;  um ensino crítico e construtivo, sensível às crises climáticas e ambientais, à sociedade; capaz de promover a participação ativa dos alunos, a sua capacidade de emancipação e bem-estar e em que haja uma articulação entre as respostas educativas e os parceiros socioeconómicos de cada comunidade local.

Segundo o CNE, vivemos tempos de mudanças profundas. “É preciso re-agir e, sempre que possível, antecipar cenários e decidir por prevenção e cuidado.”

Aceder à recomendação do CNE